Neuromarketing: o que é e como aplicar em sua estratégia

Neuromarketing é uma área da ciência que busca estudar e compreender os fatores que influenciam um consumidor na decisão de compra. A partir disso, é possível traçar técnicas e métodos benéficos para as atividades de sua empresa.

Neste texto, você vai aprender:

  • O que é neuromarketing e como surgiu;
  • Quais são as principais ferramentas e técnicas de neuromarketing;
  • Como o neuromarketing pode ajudar a melhorar seus resultados.

O que é neuromarketing e como surgiu

O termo neuromarketing foi introduzido em 2002 por diferentes autores, mas as pesquisas na área começaram na década de 1990 (MORIN, 2011). O neuromarketing é uma combinação de marketing, antropologia, psicologia, biologia e neurociência, que visa entender a raiz do comportamento do consumidor (WIKIPEDIA, 2021).

O neuromarketing se baseia na ideia de que as decisões de compra são influenciadas por processos neurais e emocionais, muitas vezes inconscientes, que podem ser medidos e analisados por meio de técnicas como ressonância magnética funcional (fMRI), eletroencefalograma (EEG), rastreamento ocular (eye-tracking) e outras (HARRELL, 2019).

Um dos pioneiros no neuromarketing foi Gerald Zaltman, que patenteou a técnica ZMET (Zaltman Metaphor Elicitation Technique) na década de 1990, que consiste em explorar o subconsciente do consumidor com imagens que causam uma resposta emocional positiva e ativam metáforas ocultas que estimulam a compra (ZALTMAN; COULTER, 1995).

Quais são as principais ferramentas e técnicas de neuromarketing

O neuromarketing utiliza diversas ferramentas e técnicas para medir e interpretar as reações dos consumidores aos estímulos de marketing, como produtos, preços, embalagens, anúncios, entre outros. Algumas das principais são:

  • fMRI: permite visualizar as áreas do cérebro que são ativadas durante uma determinada tarefa ou exposição a um estímulo. É uma técnica precisa, mas cara e pouco prática.
  • EEG: capta a atividade elétrica das células cerebrais por meio de sensores colocados no couro cabeludo do indivíduo. É uma técnica rápida e barata, mas menos precisa e limitada às regiões superficiais do cérebro.
  • Eye-tracking: monitora o movimento dos olhos do indivíduo para identificar o foco de atenção, o tempo de fixação e a ordem de leitura de um estímulo visual. É uma técnica simples e útil para avaliar o impacto de elementos gráficos, como logotipos, imagens e textos.
  • Biometria: mede indicadores fisiológicos do indivíduo, como frequência cardíaca, pressão arterial, temperatura corporal e condutância da pele. É uma técnica que reflete as emoções e o nível de envolvimento do consumidor com um estímulo.
  • Facial coding: analisa as expressões faciais do indivíduo para inferir suas emoções básicas, como alegria, tristeza, raiva, surpresa, medo e nojo. É uma técnica que pode ser feita por meio de softwares ou observadores treinados.

Como o neuromarketing pode ajudar a melhorar seus resultados

O neuromarketing pode trazer diversos benefícios para os profissionais de marketing, como:

  • Aumentar a eficiência e a eficácia das campanhas e estratégias de marketing;
  • Reduzir os riscos de fracasso de produtos e campanhas;
  • Conhecer melhor os desejos, as necessidades e as motivações dos consumidores;
  • Criar conexões emocionais mais fortes com os clientes;
  • Diferenciar-se da concorrência e aumentar a fidelização.

Para aplicar o neuromarketing em sua estratégia, é preciso seguir alguns passos, como:

  • Definir o objetivo e o público-alvo da pesquisa;
  • Escolher a ferramenta ou técnica mais adequada para o tipo de estímulo e de informação que se quer obter;
  • Realizar a coleta e a análise dos dados com rigor científico e ético;
  • Interpretar os resultados e transformá-los em insights e ações práticas.

O neuromarketing é uma área promissora e desafiadora, que requer conhecimento multidisciplinar e criatividade. Se bem aplicado, pode gerar vantagens competitivas e aumentar a satisfação dos consumidores.

O neuromarketing, apesar de ser uma área promissora, também apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Algumas delas são:

  • Questões éticas: algumas pessoas consideram que o neuromarketing invade a privacidade dos consumidores, manipula suas decisões e viola seus direitos (SINNOTT-ARMSTRONG; HUETTEL; STANTON, 2019). Por isso, é preciso respeitar os princípios éticos da pesquisa, como o consentimento informado, a confidencialidade e a transparência.
  • Habilidades específicas: o neuromarketing requer conhecimentos multidisciplinares e técnicos, que nem sempre estão disponíveis ou acessíveis para os profissionais de marketing (MARKETING91, 2021). Por isso, é preciso investir em capacitação e colaboração entre diferentes áreas.
  • Equipamentos caros: o neuromarketing envolve o uso de equipamentos e tecnologias sofisticados, como fMRI e EEG, que têm um custo elevado e uma baixa praticidade (HARRELL, 2019). Por isso, é preciso avaliar o custo-benefício e a viabilidade de cada técnica.
  • Amostras pequenas: o neuromarketing demanda um tempo e um esforço consideráveis para realizar os experimentos, o que leva a amostras pequenas e nem sempre representativas da população (NOGOOD, 2020). Por isso, é preciso ter cuidado na generalização e na interpretação dos resultados.

Para avaliar a viabilidade de uma técnica de neuromarketing, é preciso considerar alguns aspectos, como:

  • O objetivo e o público-alvo da pesquisa: a técnica escolhida deve ser adequada ao tipo de estímulo e de informação que se quer obter, bem como às características e às preferências dos participantes (HARRELL, 2019).
  • O custo e o tempo da pesquisa: a técnica escolhida deve ser compatível com o orçamento e o prazo disponíveis para a realização do experimento, considerando os equipamentos, os profissionais e os procedimentos envolvidos (HARRELL, 2019).
  • A validade e a confiabilidade da pesquisa: a técnica escolhida deve ser capaz de produzir resultados precisos, consistentes e generalizáveis, seguindo os critérios científicos e éticos da pesquisa (SINNOTT-ARMSTRONG; HUETTEL; STANTON, 2019).
  • A aplicabilidade e a relevância da pesquisa: a técnica escolhida deve gerar insights e ações práticas que possam contribuir para o alcance dos objetivos de marketing, criando valor para os consumidores e para a organização (CXL, 2020).

Referências

CXL. 10 Recent Neuromarketing Research Studies with Real-World-Examples. Disponível em: https://cxl.com/blog/neuromarketing-research/.

HARRELL, E. Neuromarketing: What You Need to Know. Harvard Business Review, 2019. Disponível em: https://hbr.org/2019/01/neuromarketing-what-you-need-to-know.

MARKETING91. What is Neuromarketing? Concept, Advantages and Examples. Disponível em: https://www.marketing91.com/what-is-neuromarketing/

NOGOOD. Neuromarketing: A Complete Guide with Principles, Examples, and Techniques. Disponível em: https://nogood.io/2020/10/09/neuromarketing-examples-techniques/.

SINNOTT-ARMSTRONG, W.; HUETTEL, S.; STANTON, S. Empirical Neuromarketing: Ethical Implications of its Use and Potential Misuse. Journal of Business Ethics, v. 144, n. 4, p. 799-811, 2017.

WIKIPEDIA. Neuromarketing. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Neuromarketing

ZALTMAN, G.; COULTER, R. Seeing the Voice of the Customer: Metaphor-Based Advertising Research. Journal of Advertising Research, v. 35, n. 4, p. 35-51, 1995.

Autor

  • DrGersonNeto

    Olá! Eu sou Gérson Silva Santos Neto, e minha paixão é explorar os mistérios da mente humana e desvendar os segredos do cérebro. Mas espere, há mais: sou também um neurocientista biohacker. Vamos nos aprofundar nisso? O Começo da Aventura Desde criança, eu já era fascinado pelas perguntas que pareciam não ter respostas simples: Por que pensamos o que pensamos? Como nossas emoções se entrelaçam com os circuitos neurais? Essas questões me impulsionaram a seguir uma carreira na interseção entre a psicologia e a neurociência. A Jornada Acadêmica e Além Doutorado em Neurociências e Ciências do Comportamento: Minha jornada acadêmica me levou à Universidade de São Paulo (USP), onde mergulhei fundo no estudo dos distúrbios do neurodesenvolvimento. Imagine: perfis cognitivos, comportamentais e de personalidade da síndrome de Turner, tudo isso conectado à herança cromossômica do X. Foi uma verdadeira aventura científica! Mestre em Ciências (Neurociências): Antes do doutorado, fiz uma parada estratégica para obter meu título de mestre. Minha pesquisa? Investigar as alterações neuropsicológicas relacionadas ao rinencéfalo, usando a síndrome de Kallmann como modelo. Essa síndrome, com suas disfunções genéticas, é um quebra-cabeça intrigante que me fez perder noites de sono (no bom sentido, claro!). Biohacking: Desvendando Limites Aqui está o toque especial: sou um biohacker. O que isso significa? Bem, não apenas observo o cérebro; também experimento com ele. Desde otimização cognitiva até técnicas de meditação avançadas, estou sempre explorando maneiras de elevar nossa experiência mental. Ah, e sim, às vezes uso eletrodos e wearables estranhos. Mas hey, a ciência é uma aventura, certo? Se você quiser saber mais ou trocar ideias sobre cérebros, biohacking ou qualquer coisa do gênero, estou aqui! 🧠✨